sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Como pode ser?

Foto: http://www.candido-barbosa.com/
"Ainda não foram feitas nenhumas propostas. Primeiro temos de ter orçamento. O Cândido, nos últimos anos, esteve ligado à equipa por razões que tiveram a ver com a sua vontade, mas neste momento tem de decidir o rumo a dar à sua carreira: continuar como ciclista ou passar para o sector técnico. A sua continuidade depende da decisão que tomar. Blanco e Marque estão connosco já há muito tempo e o entendimento não será difícil. Mas vai depender muito da questão económica, do que conseguirmos encontrar em termos de patrocínios e da forma como direccionaremos o nosso projecto. A par do modo como o eventual patrocinador pretenda expor a sua marca"

São declarações de José Corvo, presidente do Clube Ciclismo de Tavira (CCT) a "A Bola"

Parece que há aqui três forças que são opostas e uma indefinição clara em termos de objectivos e estratégia, para não falar num comunicação deficitária e pouco motivadora, quer para ciclistas, adeptos e eventuais patrocinadores. Assim temos três vectores, mais um:

1. Questão Económica
2. Patrocínios
3. Direcção do projecto
4. este falaremos mais adiante

Correndo o risco de ter interpretado mal, segundo pude depreender da curta entrevista, a grande preocupação é a questão económica e especialmente o patrocínio.

Nota: Tanto quando se pode ler na mesma entrevista o Palmeiras-Resort irá retirar o seu apoio, porque o empreendimento quer era para nascer em Tavira, viu o seu inicio adiado, pelo que se compreende o desinvestimento.

Patrocínios e questões económicas (sendo que o dito Patrocínio deve ser encarado como uma parte da questão económica) são coisas quantificáveis, mensuráveis e que de certo modo podem ver o seu comportamento previsto num determinado espaço de tempo. Estes dependem de um conjunto largo de factores intrínsecos e extrínsecos às organizações, quer ao clube, quer aos patrocinadores.

Tudo o que são questões de Euros e neste caso de muitos milhares deles, envolvem um determinado potencial de Investimento, de Risco e de Retorno e como em qualquer vertente da Economia, nas relações desportivas, deve ser calculado e previsto.

Ora, segundo o entrevistado a "forma como direccionarmos o projecto" ainda não está definida, ou seja, não há ainda uma ideia, um conceito, um objectivo macro que se pretenda para o CCT (falo de objectivos exequíveis e não de sonhos). Se não está, como pode haver interesses de eventuais patrocinadores, como pode uma marca querer associar-se a uma imagem de incerteza, de projecto fugaz, de "desenrascanço".

O CCT, deve parar, pensar de ondem vem, onde está e para onde quer ir. Dai partir para a definição de um plano estratégico para alcançar o seu objectivo e mediante isso procurar parceiros que visem alcançar esse mesmo objectivo, para que possam estabelecer relações de valorização mútua. Deve ser estabelecido uma estratégia de comunicação interna e externa, exposição mediática, etc... e isso não deve passar apenas pela colocação do nome do patrocinador em determinado local das camisolas e do naming da equipa.

O CCT é o clube que há mais anos integra o pelotão nacional, tem um passado histórico que muito pode ajudar na construção de um projecto, agora é preciso estratégia.

Por tudo isto, deixa-se para o fim o quarto ponto e aquele que realmente é preocupante e que é dito pelo próprio presidente do clube na referida entrevista: "A par do modo como o eventual patrocinador pretenda expor a sua marca."

Não pode ser o patrocinador a definir a estratégia desportiva da equipa em função dos seus objectivos. O patrocinador é um parceiro não é um patrão, nem tem competências técnicas ao nível da modalidade para definir o que quer que seja desportivamente. O patrocinador deve ser um parceiro que se revê nos objectivos do clube, na sua estratégia e que investe em troca de um determinado retorno.

Haja bom senso, não se pode dizer três coisas tão distintas numa mesma entrevista:

1. Colocar a curto prazo o Tavira a um nível internacional;
2. Depende "da forma como direccionarmos o projecto";
3. Condicionar a equipa em função do "modo como o eventual patrocinador pretender expor a sua marca"

Pergunta final: Posto tudo isto onde está a MARCA Clube Ciclismo de Tavira?

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