CONSUMIDORES QUE MARCAM

Porque sem consumidores o desporto não faria sentido.

HOMENS QUE MARCAM

Os heróis/heroinas, os idolos, os egos que movimentam amores e ódios, que fazem do desporto um ser vivo.

RESULTADOS QUE MARCAM

As metas, as lutas, as conquistas, as superações e os records que alimentam as motivações individuais e colectivas.

MARCAS

Produtos e serviços que se alimentam do desporto e que por sua vez alimentam o desporto em toda a dimensão. A iconografia que une pessoas de todo o mundo, que comunica simultaneamente em diversas línguas sem dizer uma palavra.

EVENTOS QUE MARCAM

O local, onde homem, consumidor, resultados e marcas se unem, onde a magia acontece.

Bem vindos!

O desporto é competição e lazer, é solidão e multidão, é dor e prazer... São derrotas e vitórias, feitos e falhanços, lágrimas e risos... O desporto MARCA uma vida, várias vidas, A Vida! MARCA, mas é simultâneamente uma MARCA! Aqui procuraremos a pertinência da vertente da MARCA desportiva, da forma como é tratada, imaginada, gerida, idealizada, sentida e entendida. Todas as visões são bem vindas à discussão, deixe comentários, opiniões e/ou sugestões.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O desporto e os clubes terão de se reinventar! – A contextualização


Nota prévia: esta reflexão incide apenas sobre os clubes desportivos eminentemente formativos/competitivos. As atividades físicas recreativas, baseiam-se numa realidade diferente, que não será aqui abordada.

Se de há uns anos a esta parte tem sido difícil aos clubes encontrar formas de subsistirem, de 2012 em diante, o será ainda mais, dadas todas as mudanças económicas e sociais que se têm vindo a notar.
Certamente que as próximas épocas serão um momento chave. Um momento em que se verá quais os que se conseguiram adaptar a uma nova realidade, vincadamente diferenciada da de há dez anos atrás (apenas 10 anos) e já substancialmente daquela vivenciada à apenas 5 anos.

Nova realidade económica:
  • As autarquias reduziram drasticamente o apoio aos clubes e em alguns caso, simplesmente, deixaram de o fazer;
  • As Federações/Associações estão falidas, tecnicamente falidas, ou muito perto disso;
  • Os “patrocinadores”, em função da conjetura económica, não estão disponíveis a não ser para umas poucas modalidades e apenas para determinado nível;
  • Com a crise económica, a redução de poder de compra e do dinheiro disponível para as famílias, nos próximos anos assistiremos, certamente, a uma redução da procura pelas atividades formativas/competitivas dos encarregados de educação dos jovens portugueses. Incapazes de fazer face às despesas com inscrição, mensalidade e material necessário para a prática;
  • Os materiais/equipamentos estão mais caros e os bens de consumo primário também (água, luz, gaz, combustíveis auto);
  • Os clubes deparam-se com obrigações organizacionais, financeiras, fiscais, contabilísticas e mesmo desportivas, cada vez maiores.

Enquadramento social:
  • Diminuição do número de pessoas disponíveis para o associativismo;
  • Desvalorização do desporto enquanto atividade formadora de crianças e jovens;
  • Aumento transversal em toda a sociedade do desrespeito pela relação resultados/mérito em função do trabalho de cada um em detrimento pela relação de tudo em função das posições/impacto social;
  • Dificuldade em assumir compromissos duradouros, com objetivos a médio/longo prazo e em passar esse comprometimento para as crianças e jovens praticantes;
  • Maior diversidade de propostas alternativas/concorrenciais na área do desporto e não só para ocupação dos tempos livres das crianças/jovens e numa segunda vaga dos encarregados de educação que acabam por condicionar os primeiros.


Há ainda que somar a estes dois enquadramentos alguma legislação que tem vindo a ser produzida, nomeadamente a que enquadra os treinadores e que obriga à sua formação e acreditação para que possam desenvolver a atividade. Uma situação que ainda é menosprezada mas que terá um peso importante quando terminar este terceiro prazo transitório.

Ora, posto isto diria que os clubes acabaram de entrar numa crise que possivelmente se manterá até depois da crise económica ter passado (ou pelo menos aliviado) e que a longo termo o Desporto, entenda-se os resultados desportivos, irão sofre nova crise em Jogos Olímpicos vindouros. Não em 2016, porque para o Rio, os atletas já estarão em processo de formação e envolvidos de alguma forma num projeto (estatal ou não) de preparação olímpica. Mas para 2020 e 2024 será necessária uma nova fornada de jovens atletas, que possivelmente ainda nem sequer entraram no sistema desportivo, e o que se teme aqui é o facto de dadas todas estas condições económicas e sociais irem condicionar a formação e a preparação de atletas para, pelo menos, esses dois eventos. Não que deixemos de ter atletas a representar o país e até quem sabe medalhas, mas sim porque os clubes enquanto base do sistema não terão capacidade e recursos para formar uma base alargada de atletas e como tal estimular a competição interna e potenciar o aparecimento de atletas capazes de obter marcas internacionais. Haverá sempre os fora-de-série, os talentos natos, mas esses não poderão ser a referência de nenhum sistema desportivo, pois esses estão muito menos dependentes das condições técnicas, humanas, materiais, financeiras, etc. para mostrar o seu valor.

Diferente de há dez anos atrás, hoje os clubes estão entregues praticamente a si mesmos, deixaram de contar com a ajuda de associações e de federações e deixaram de contar com a agradável almofada da subsídio –dependência indiscriminada, cega e não responsabilizante.

Não digo que esta situação seja má, mas posso dizer que era previsível e que deveria ter sido acautelada pelos clubes e dadas as dificuldades, no que toca a organização interna destes e ao desconhecimento de direções sucessivas, deveriam os órgãos tutelares ter assumido a tarefa de educadores e preparadores para esta inevitabilidade e não simplesmente de um dia para o outro ter fechado a torneira, ainda para mais na mesma altura em que todas as outras torneiras se fecharam.

Se por um lado isto é a caracterização de uma crise, esta terá de ser uma oportunidade que os clubes deverão aproveitar, pelo menos, para:
  • Definir prioridades/fazer opções;
  • “Profissionalizarem” a sua gestão, não no sentido de ser paga, mas ser mais responsável, mais transparente e mais orientada;
  • Educar os utilizadores/encarregados de educação para o valor da atividade e consequentemente para a relação investimento/retorno;
  • Uma nova forma de abordar o mercado e as potenciais relações com patrocinadores/apoiantes.
  • Modernizar a sua imagem, comunicação e posicionamento.

Como? Por que ordem? Dependerá de uma análise cuidada de cada um dos clubes. Dependerá de uma reflexão e de tomadas de posição difíceis.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A (não) Cultura da Vitória

Fotografia: http://www.record.xl.pt/
O culto de uma determinada identidade, pode e deve ser visto como uma ferramenta de gestão de uma MARCA.
Há os que o fazem conscientemente, outros que o fazem inconscientemente e ainda os que não o fazem de todo de uma forma ou de outra.
Uma MARCA culta, tem força e tem chama, porquê? Porque cultiva o gosto pelo melhor de si, porque cultiva o gosto pela procura constante de querer ser melhor, porque expõe com orgulho o que tem de bom e/ou de diferente e porque protege o que tem de menos bom. E para além disso, transmite esta cultura aos seus seguidores, consumidores, parceiros. Isso torna-a forte e coesa, capaz de alimentar os que lhe são fiéis e ainda inflamar aqueles que lhe são mais distantes.
A cultura de uma identidade, tal como outros tipos de cultura, dão “trabalho”, precisam de saber científico, saber empírico, e até de sabedoria popular, para que no dia-a-dia possa ser estimada e o seu crescimento sustentado.
Ora e exactamente isso que não acontece hoje em dia na grande maioria do Desporto português. Desde “IDP’s” a Federações, de Associações Distritais a Clubes e passando pelos Atletas Individuais, poucos são os casos da cultura da identidade, da valorização do seu produto.
Motiva-me a escrever sobre este assunto, as noticias sobre as justificações apresentadas para os desaires dos nossos atletas em Daegu, Coreia do Sul, no decorrer dos Campeonatos do Mundo de Atletismo, fazendo-me recordar que esta situação é recorrente para justificar o falhanço do desporto português, apontando-se o dedo acusar ao fim e nunca ao processo.
Motiva-me ainda mais a actual situação do Sporting, não tanto pela ultima derrota em si ou a conquista de apenas dois pontos em nove possíveis, tendo já jogado em Alvalade duas vezes, mas pelo facto de não conseguir encontrar uma identidade no clube, uma cultura.
Tal como no atletismo, o Sporting prefere apontar o dedo a terceiros para justificar os seus falhanços. Sem razão, a meu ver, e acima de tudo fazendo exactamente o contrário à cultura da identidade, destruindo-a. Já alguém, da estrutura directiva do SCP, pensou olhar para o umbigo e tentou analisar o processo em vez das consequências? Não é difícil, querem ver?
- Vitória duvidosa nas eleições;
- Dezasseis novas contratações para o plantel do Futebol (incluindo jogadores lesionados);
- Destas apenas os juniores que integraram o plantel são Portugueses, ou seja, dificilmente farão parte das contas do treinador;
- Resultado um plantel descaracterizado, sem ligações, sem rotinas;
- Rotação constante de jogadores pelas posições, durante os cinco primeiros jogos oficiais;
- Demissão do departamento médico;
- Exacerbação e desadequação do discurso: “vamos ser campeões”, logo excesso de ambição por parte da massa adepta e eventualmente excesso de confiança por parte da equipa;
- Perda de sete pontos com três equipas, no mínimo medianas;
- Utilização de erros de arbitragem para justificar maus resultados e más exibições;
- Braço de ferro com a Liga e a sua Comissão de Arbitragem, num momento tão determinante quanto o início de uma competição

Tudo isto são acções contra a cultura da identidade e o resultado está à vista.
E se, depois de olharem para o umbigo, pararem dez minutos a olhar para trás poderão perceber o que é a identidade, neste caso do Sporting, constarão que uma boa identidade não são as vitórias por si só, mas sim a atitude perante a modalidade (no caso do futebol) e a sociedade (por parte do clube em geral).
Tempos houve que o SCP nem sequer competia para ser campeão e que esteve dezoito anos sem o conseguir, mas tinha uma média de adeptos por jogo superior às de hoje, e na altura muita vezes superior à dos adversários candidatos ao titulo, tinha um número de sócios activos superior, os seus jogadores tinham a média de idades mais baixa do campeonato ou perto disso, era o clube com maior número de português (dos candidatos ao titulo), lançava constantemente jogadores da sua formação, tinha praticamente todas as modalidades e cultivava esse eclectismo, colocava-se perante a sociedade como um clube diferente.
O Sporting não ganhava campeonatos, mas tinha uma identidade da qual os seus sócios e adeptos partilhavam, viviam, estimulavam e apreciavam. Apesar de também quererem vitórias, sabiam que o que era o Sporting, o que esperavam do Sporting e quando as vitórias chegassem seria a cereja em cima do bolo, tal como aconteceu nas últimas conquistas.
Hoje e seguindo esta política errante em busca apenas da consequência (a vitória), sem método e sem base de sustentação, como remédio para todos os problemas, o Sporting Clube de Portugal, arrisca-se a se tornar um clube banal.
Recordo que nem todas as MARCAS líderes de mercado são as melhores MARCAS, ou aquelas que têm uma maior identidade ou apresentam uma taxa de fidelização superior. Inclusivamente será mais sustentada a construção de uma marca lidere de mercado a partir de uma MARCA com uma grande identidade e taxa de fidelização superior.
Não importa dizer que se querer ganhar ou atingir determinados resultados, importa sim construir ferramentas para o conseguir fazer. A vitória será sempre vista uma consequência, nunca como um processo.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Onde começa a gestão MARCA desportiva?

foto: abola.pt
Os resultados ao questionário que foi deixado no "Desporto que MARCA", um terço dos inquiridos refere a Equipa de Gestão como o o factor decisivo para a gestão da MARCA Desportiva. 27% o Corpo Técnico e a Imagem Global, obteve 18% das respostas.

Em relação à imagem global, não posso concordar, entendo que esta é o resultado da gestão de todos os outros factores que condicionam a MARCA, quer seja a imagem pretendida, quer seja a imagem entendida.

Apesar de compreender a opção pela Equipa de Gestão, acredito que como acto de gestão, que a escolha da Equipa Técnica é efectivamente o ponto fulcral do inicio da gestão da marca. Porquê?

Porque é esta equipa que irá, no caso do desporto, no dia a dia pôr em prática o ideal dos clubes/serviço, a sua visão e a missão. Que o irá defender, junto dos clientes, atletas seja de formação ou de competição. É essa equipa a responsável por passar o ADN do clube/serviço ao longo do tempo. É igualmente essa equipa que mais facilmente tomará o pulso à imagem que é entendida e que levará o feedback para o cerne da gestão.

Poderão haver equipas a tratar da imagem, outras da comunicação, do CRM, outras ainda da parte financeira, etc... no entanto nenhuma delas terá o efeito desejado se a equipa técnica não colocar em prática a essência do clube/serviço, se a equipa técnica não viver, respirar visão, missão e valores.

Concordam?

Acredito que, inclusivamente, poderá ser a equipa técnica o maior motor de desenvolvimento e da MARCA (positiva ou negativamente) ou mesmo da sua transformação (mutação). Existem ainda MARCAS que nascem espontaneamente através da repetição no tempo de um conjunto de comportamentos de uma determinada equipa técnica, que sem qualquer predeterminação, faz nascer uma MARCA, onde outrora apenas havia um clube/serviço desportivo errante, desprovido de valor emocional. Tratar-se-á de uma questão natural. Ao passo que um estudo de MARCA e plano de acção aplicado a esse mesmo clube/serviço será sempre uma intervenção artificial, que poderá ser receitada por vários motivos, aceite mas não ter resultados ou simplesmente ser desadequada do meio envolvente.

Resumindo, apesar de toda a estratégia que possa (e deva) haver na gestão da MARCA desportiva, o primeiro acto de gestão dessa mesma MARCA deverá ser a escolha da equipa técnica adequada à concepção teórica em volta da MARCA

Têm experiências diferentes?

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Os pequenos clubes e a criação de valor (II)

(continuação de aqui)


Num país onde a cultura de apoio ao desporto passou largas décadas pelos tradicionais "patrocínios" angariados por clubes e atribuídos por instituições privadas e públicas quase aleatoriamente, assentes na sua grande maioria na boa vontade dos segundos e na passividade dos primeiros. Vivemos hoje, fruto da evolução dos princípios económicos subjacentes à actividade empresarial e simultaneamente desportiva um momento de rotura na relação entre ambas.

Uma rotura que certamente irá provocar adaptações de ambas as partes, sendo que no entanto deverá ser um processo bem mais longo do que seria desejável (convém recordar que reportamos a clubes de pequena/média dimensão e consequentemente a empresas e instituições de igual representação no panorama nacional) e que trará enormes dificuldades à sobrevivência dos clubes.

Se por um lado as empresas, fruto da evolução do paradigma económico/financeiro, procuram retorno financeiro dos seus investimentos neste tipo de apoio/patrocínio, mesmo as mais pequenas, ainda que não se dotem de ferramentas humanas e materiais, para o fazer convenientemente e assertivamente, também os clubes não estão dotados de recursos para satisfazer por um lado as necessidades próprias do clube e criar valor para este e por outro para ir de encontro às necessidades de potenciais parceiros, permitindo que estes tenham igualmente mais-valias provenientes do apoio expresso a uma determinada instituição desportiva (clube, atleta, secção, equipa, etc).

Assim não havendo apetrechamento de parte a parte, ambas se irão retrair e criar um fosso entre si, nomeadamente um fosso comunicacional, que aumentará a “desconfiança” de parte a parte. Um fosso que fará, por ora, daqueles que o quiserem atravessar autênticos loucos perante os olhos dos restantes que na dúvida permanecerão sossegados, procurando sobreviver à conta dos poucos apoios públicos que restam (e que tendencialmente, digo eu, tenderão a seguir o exemplo dos privados, onde para cada investimento se exigirá um determinado tipo de retorno).

Enquanto esses loucos procurarem reestabelecer as pontes entre o meio desportivo e o empresarial, muitos irão desaparecer sufocados pela ausência de recursos, outros irão sobreviver com enormes dificuldades, à conta de sacrifícios pessoais dos seus agentes desportivos, outros haverão, que fruto do seu trabalho anterior, conseguiram montar uma estrutura que com mais ou menos dificuldade manterá a actividade, ainda que se afastando daquele que seria o caminho da evolução. Diria que apenas esses loucos, ainda que atravessando um caminho irregular, feito de sins e de nãos, de avanços e recuos, serão capazes de vencer num futuro a curto/médio prazo, serão os únicos que conseguiram evoluir e criar uma base sólida de trabalho e para novos saltos evolutivos. Os restantes, os que sobreviverem, irão absorver toda esta aprendizagem proporcionada pelos loucos, ainda assim irão reiniciar o processo de recuperação/evolução, com anos de atraso.

É certo que os clubes de grande dimensão, já iniciaram este processo há algum tempo, ainda assim a anos-luz de mercados como o americano, australiano, japonês e do centro da europa, no entanto essa informação teima em ser transmitida para nichos de outra dimensão e para fora do planeta futebol, onde apenas algumas modalidades colectivas têm conseguido absorver alguma dessa experiência.

Serão precisos loucos, persistentes, sedentos de inovação, havidos de evolução para diminuir substancialmente este fosso que dia após dia, agudizado pela crise económica, aumenta. Serão precisos clubes, capazes de confiar nestes loucos, investir neles e em parceria encontrarem as soluções necessárias para gerarem valor. Para se tornarem vendáveis, desejáveis, interessantes, cobiçados e até invejados.

Serão precisos recursos humanos e ferramentas capazes de criar valor, de reinventar o serviço desportivo. Será necessária coragem para parar, pensar e mudar, por vezes até conscientes que será preciso dar um ou mais passos atrás, para tomar balanço e saltar este foço.

Os clubes terão de se reinventar e reorganizar, os dirigentes também. Deverão ser estabelecidas prioridades, estratégias a médio/longo prazo e muito importante (ainda que doloroso e com resultados negativos a curto prazo) os clubes deverão ser capazes de cobrar justamente o serviço que prestam, pois só assim o seu real valor (e dos seus profissionais) será reconhecido, de outra forma, continuará a ser encarado de cima para baixo, como um servo e não como um prestador de serviços igual, ou até superior, a tantos outros na nossa sociedade.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Os pequenos clubes e a criação de valor (I)


Hoje em dia e nos próximos tempos, haverá certamente, uma dificuldade acrescida na gestão corrente dos pequenos/micro clubes no nosso país. Dificuldade essa que é imediata e intuitiva pela crise económica que se vive e que se prevê viver nos próximos tempos.

Certamente que os cortes, rapidamente chegarão às autarquias que por sua vez cortarão nos apoios ao associativismo. Cortes que chegarão igualmente rápido aos rendimentos das famílias e consequentemente influenciarão as opções e a aplicação dos mesmos. Ainda para mais, num pais onde as culturas, desportiva e a da actividade física, são meramente uma miragem, com percentagens de participação irrisórias, o desporto será um dos elos mais fracos e um dos mais fáceis de quebrar.

Isto será a consequência imediata, simples, directa e que certamente trará enormes dificuldades a estes pequenos clubes, com estruturas directivas reduzidas, massas associativas inexistentes, onde o sócio se confunde com o utilizador e que proporcionalmente até ao momento têm conseguido envolver quantidades significativas de participantes, à custa da carolice, do trabalho reactivo e de apoios financeiros espontâneos, aleatórios e pouco exigentes. Mas depois desta consequência imediata aparecerá a consequência a médio longo prazo...

Esta tipologia de clubes não está preparada para fazer face aos rombos orçamentais que sofreu recentemente e que irá continuar a sofrer, não reuniu as condições durante a última década para poder vir a fazer face a uma situação como a de os dias de hoje, não criou uma almofada de valor material e imaterial capaz de amortecer estes impactos.

Nos últimos anos, a grande maioria dos clubes geriu essencialmente os valores provenientes das autarquias em articulação com os valores das inscrições e mensalidades, geria o seu orçamento anual e eventualmente algum pequeno, diria insignificativo, patrocínio (que normalmente até era em géneros e não em valor). Os proveitos obtidos desta forma cobriam as despesas com técnicos (quando pagos), algum material e deslocações e desta forma simples se fazia o balanço dos pequenos/micro clubes em Portugal.

O mundo avançou e mudou, rápido e drástico e os clubes não investiram em si. Na sua imagem (não me refiro apenas ao logótipo e/ou equipamento de jogo), na sua MARCA, no seu valor.

Estes clubes, confortáveis com os valores com que eram financiados mantiveram durante "n" tempo os valores de inscrição e participação nas suas modalidades e muitas vezes, independentemente do valor educativo, formativo, desportivo, social que criavam, se verificou que o valor monetário cobrado, ficava muito aquém do valor que era gerado nas valências referidas. Inclusivamente se deu o caso de serviços que em contra-ciclo com a sua especialização, aumento de necessidades materiais e sua evolução, aumento da qualidade técnica, aumento dos resultados, se depreciavam consideravelmente ao ponto de nem sequer acompanharem a evolução da inflação. Exemplo: um serviço desportivo que há 20 anos custava 50 contos/ano, ou seja 250 euros, hoje custa 180.

Hoje, perante a crise económica e com a falta de apoios externos, vêem-se a braços com a dificuldade em alterar a sua politica de preços e em cobrar os valores mínimos para a manutenção da sua actividade de forma independente, pois seria um aumento considerável que os clientes não compreenderiam. Há clubes que mesmo com mensalidades de 40 euros não conseguem cobrir o valor gerado.

Considerando que quem cobra esse valor, oferece em troca sessões diárias, 40 euros equivalem a um valor de menos de 2 euros por sessão, para a prática de uma actividade especializada, com requisitos técnicos e materiais exigentes e com o valor educativo, formativo, desportivo e social, na grande maioria das vezes, sobejamente reconhecido, estamos a falar de um valor por sessão irrisório, quando comparado por exemplo um explicador de uma disciplina escolar cobra cinco vezes ou mais esse valor por hora (quando uma sessão desportiva, tem por vezes hora e meia ou mesmo duas horas). Mas estes foram exigindo mais à medida que a sociedade os procurava, o desporto e a actividade física formal, não!

Hoje a sociedade em geral não conseguirá de forma generalizada apoiar os clubes, tal como estes fizeram durante anos a fio a essa mesma sociedade, proporcionando a geração de valores a preços abaixo do custo. Irão sobreviver aqueles que mais rapidamente se adaptarem e começarem a gerar valor próprio e também o valor que a sociedade exige para poder reconhecer (pagar) esse mesmo valor. Irão sobreviver aqueles que aprenderem a gerir eventuais apoios públicos e privados numa óptica de reforço do trabalho realizado e uma oportunidade de gerar ainda mais valor e não como o sustento da sua actividade.

(continua...)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Mais do que um jogo: uma MARCA!

 Mais do que um desporto, um jogo ou um campeonato, a NBA eleva-os ao estatuto de MARCA.

A NBA cria valor para o seu produto, gera emoção na sua promoção, desejo de pretensa, desejo de testemunho. Cria necessidade de consumo...

O produto não passa de um simples jogo de basquetebol, inventado há mais de 100 anos, mas a NBA reinventa-o todos os dias e "nós" gostamos disso, e queremos isso, e pedimos mais disso, ainda que o jogo continue a ser o mesmo de há 100 anos atrás.

A NBA investe e tem retorno. Mais do que uma associação nacional que organiza um campeonato, é uma MARCA gigante, que vai de encontro às necessidades dos seus seguidores que retribui tudo o que lhe é dado.

Investe e tem retorno, investe e tem retorno, investe e tem retorno.... seria interessante que outras competições ainda que de dimensões e modalidades diferentes fizessem o mesmo: investir para ter retorno.

Porque este retorno, mais do que financeiro, é um retorno emocional, de fidelização que será sempre intangível, mas que criará uma enorme almofada de sustentação para a MARCA.

Poderão outros estar a pensar que não precisam ou não precisaram investir para ter retorno monetário (lembro-me só por acaso da LPFP - Liga Portuguesa de Futebol Profissional), que baseiam o investimento em transmissões televisivas puras e duras. Dá dinheiro, mas isso não chegará a médio/longo prazo.

Há que investir na MARCA, seja de um pequeno campeonato regional, seja de uma grande competição nacional. Promover os seus intervenientes individuais ou colectivos, criar interesse, criar necessidade de procura de mais informação, gerar necessidade consumo e potenciar o tempo de exposição da MARCA, só assim se conseguirá gerar valor e retorno monetário consolidado.

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